No Japão, há palavras similares em japonês e português por conta da influência dos primeiros jesuítas na mesma ordem religiosa.
A diversidade linguística é um fenômeno fascinante, refletindo a riqueza cultural e histórica de cada povo. Nas trocas linguísticas entre diferentes civilizações ao longo dos séculos, é possível observar semelhanças surpreendentes entre termos aparentemente distintos. No caso das palavras portuguesas, é interessante notar como se espalharam por diferentes territórios e sofreram adaptações, mantendo sua essência ao mesmo tempo em que se mesclavam a vocábulos locais.
No universo dos termos lusos, encontramos uma verdadeira miscelânea de influências e transformações. A riqueza e a complexidade da língua refletem a pluralidade de culturas que contribuíram para sua formação ao longo dos séculos. É fascinante explorar a origem e a evolução dos vocábulos portugueses, que carregam consigo não apenas significados, mas também histórias e memórias de povos e lugares distantes.
Intercâmbio Cultural: Palavras Portuguesas no Vocabulário Japonês
Quase cinco séculos no passado, as terras japonesas viram incorporações de termos lusos em sua linguagem, alguns dos quais continuam em uso até os dias atuais. Por exemplo, ‘pan’ para pão, ‘biroodo’ para veludo, ‘tabako’ para tabaco e ‘karuta’ para carta de baralho. A distância de 11 mil quilômetros entre Lisboa e Tóquio pode parecer um abismo cultural, mas a conexão entre esses dois mundos tão diferentes remonta à mesma ordem religiosa.
A Companhia de Jesus, que desempenhou um papel vital na catequização dos indígenas brasileiros, também teve impacto no Japão. Através de figuras como José de Anchieta e do primeiro Jesuíta a pisar em solo japonês, São Francisco Xavier, os portugueses foram pioneiros no contato frequente entre europeus e japoneses. Esse encontro cultural e religioso foi crucial para uma interessante troca de vocábulos, enraizada nas raízes históricas dessas nações.
A recente série ‘Xógum: A Gloriosa Saga do Japão’ traz à tona esse fascinante capítulo de intercâmbio linguístico, baseado no romance de James Clavell. A professora Mônica Okamoto relata que a influência portuguesa se fez notar em Tanegashima, onde os japoneses tiveram seu primeiro contato com o Ocidente. Neste primeiro momento, os xoguns ficaram impressionados com tecnologias como o mosquete, introduzido pelos portugueses.
Os jesuítas, por sua vez, aproveitaram essa abertura para difundir o catolicismo no Japão, estabelecendo escolas, santas casas e igrejas. Do breve período de relações entre o Japão e Portugal surgiram muitos termos portugueses integrados ao idioma nipônico. O pioneirismo de São Francisco Xavier, enviado a pedido do rei de Portugal, dom João III, foi crucial nesse processo de evangelização.
Esse encontro cultural entre povos tão distantes geograficamente, mas unidos pela mesma ordem religiosa, é um lembrete da complexidade e riqueza das relações internacionais. A herança linguística deixada pelos portugueses no Japão é um testemunho duradouro da influência mútua entre essas culturas tão diversas.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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