Ministros da Suprema Corte dos EUA retornam ao trabalho para julgar casos controversos e resolver conflitos de interesse no tribunal federal de recursos.
A Suprema Corte dos EUA retoma suas atividades após um período de descanso de três meses e seis dias, marcando o início do novo ano judicial. Nesta segunda-feira (7/10), os ministros da corte mais alta do país voltam a se reunir para discutir e julgar casos importantes.
Com a retomada dos trabalhos, a Suprema Corte se prepara para enfrentar desafios significativos, incluindo a análise de casos que podem ter impacto nacional. O Tribunal Supremo, também conhecido como Corte Máxima, é responsável por tomar decisões que afetam a vida dos cidadãos americanos. A expectativa é grande em relação às decisões que serão tomadas. A corte terá um papel fundamental na definição de direitos e liberdades.
Questão Controversa na Suprema Corte
A Suprema Corte dos Estados Unidos está prestes a enfrentar um desafio importante em sua próxima sessão. Uma das primeiras tarefas será decidir se aceitam ou não julgar um caso que envolve a questão do impedimento e suspeição de juízes e ministros sempre que a imparcialidade deles for ‘razoavelmente questionada’. Essa é uma questão controversa nos EUA, especialmente considerando que a Suprema Corte não tem dado um bom exemplo aos juízes dos tribunais inferiores.
Os ministros Clarence Thomas e Samuel Alito, por exemplo, não se declararam suspeitos no julgamento de um caso relacionado à invasão do Congresso em 6 de janeiro de 2021, apesar do envolvimento de suas respectivas esposas em atividades relacionadas ao evento. A mulher de Thomas, Virginia Thomas, cooperou ativamente com as tentativas do ex-presidente Donald Trump de reverter o resultado das eleições de 2020. A mulher de Alito, Martha Bomgardner, hasteou uma bandeira americana de cabeça para baixo – um sinal de protesto de invasores do Congresso e correligionários de Trump – em frente à casa do casal.
Além deles, o ministro Neil Gorsuch e a ministra Sonia Sotomayor não se declararam suspeitos no julgamento de um caso que envolveu a editora de seus livros. A Suprema Corte deu apenas uma explicação pouco convincente: foram ‘omissões inadvertidas’.
Conflito de Interesse e Imparcialidade
Se pelo menos quatro dos nove ministros da Corte decidirem julgar o caso, o Tribunal Supremo terá a oportunidade de estabelecer regras claras sobre as circunstâncias em que a aparência de um conflito de interesse é suficiente para um magistrado se declarar impedido ou suspeito. Isso é fundamental para garantir a imparcialidade do Judiciário e evitar que juízes e ministros sejam influenciados por interesses pessoais ou políticos.
Se pelo menos seis ministros se recusarem a julgar o caso, ‘essa decisão irá reforçar a impressão da opinião pública de que juízes e ministros podem optar por julgar um caso mesmo que, objetivamente, a aparência de imparcialidade possa ser questionada’, de acordo com um grupo de juristas especializados em ética que pediu para ingressar como amicus curiae na ação.
Origem do Impedimento
Para julgar a questão proposta, a Corte Máxima vai se basear em um recurso interposto por um prisioneiro de Guantánamo que pretende anular sua condenação. Uma ‘comissão militar’ sentenciou o cidadão do Iêmen Ali Hamza Ahmad al-Bahlul, preso desde 2002 como ‘combatente inimigo’, por ‘conspirar para cometer crimes de guerra’. Ele foi condenado à prisão perpétua.
O réu apelou a um tribunal federal de recursos em Washington, D.C. e um colegiado de três juízes manteve a condenação. Fez parte do colegiado o juiz Gregory Katsas. Antes de se tornar juiz, Katsas era um dos procuradores do Departamento de Justiça que processaram prisioneiros em Guantánamo – entre os quais Bahlul. Mais tarde, Katsas elogiou publicamente o trabalho da equipe de procuradores, incluindo o próprio, e a comissão militar. Ele disse que a equipe trabalhou bem, o que resultou na condenação de Bahlul.
Fonte: © Conjur
Comentários sobre este artigo