Impacto na economia: A tempestade ‘perfeita’ resultou em aumento dos juros da dívida pública, queda da bolsa, alta do dólar e risco de calote maior.
A valorização do tesouro nacional no mercado de renda fixa iniciou na sexta-feira (20). Poucos dias depois, os índices de rentabilidade já ultrapassavam a expectativa para o período. Neste cenário, surgiu a notícia de que haverá novas medidas para impulsionar a economia, visando fortalecer o tesouro público.
Quando se trata de títulos públicos e papéis do governo, é importante estar atento às oscilações do mercado. O investimento em renda fixa oferece estabilidade, porém demanda acompanhamento constante das notícias econômicas. Dessa forma, é possível maximizar os ganhos e tomar decisões conscientes em relação ao seu tesouro financeiro.
Reflexos do Mercado na Percepção dos Títulos Públicos
E o mercado não gostou em nada dessa postura, pois interpretou que a responsabilidade com as contas públicas estava mais fragilizada do que o esperado. O governo transmitiu a ideia de gastador, gerando desconfiança nos investidores em relação ao Brasil e, consequentemente, ao próprio Tesouro, devido ao aumento percebido no risco de calote por parte desse suposto ‘mau pagador’.
Para atrair mais investidores em um momento de intenso fluxo de saques, o Tesouro necessita oferecer taxas mais atrativas. Além disso, na terça-feira (16), Jerome Powell, presidente do Federal Reserve dos EUA, mencionou a possibilidade de rever os cortes programados para o ano. Com dados de inflação acima das projeções, a perspectiva de flexibilização monetária se distancia, impactando negativamente o Tesouro.
Ainda assim, a volatilidade do mercado torna o cenário mais desafiador para o Tesouro. Com taxas elevadas nos EUA, os investidores optam por aportes em economias mais estáveis, evitando arriscar em mercados emergentes como o Brasil. Essa onda de pessimismo resultou em taxas de até 6,10% acima da inflação para os títulos IPCA de longo prazo, cujo vencimento está previsto para 2060.
Apesar das incertezas, investidores consideram a oportunidade como uma chance de obter retornos favoráveis em relação à inflação. A respeito do risco de calote, especialistas apontam que a movimentação dos títulos é mais influenciada pela dinâmica do mercado institucional do que pela possibilidade concreta de inadimplência. Assim, a oferta e demanda impactam a precificação, levando a oscilações nas taxas.
Marcelo D’Agosto, consultor financeiro, destaca que a taxa de 6% ao ano oferecida pelos títulos é atrativa para investidores de longo prazo. Ele ressalta que, embora o mercado esteja instável, o risco de calote é improvável, sendo a situação mais relacionada à falta de interesse em comprometer recursos por prazos prolongados. Por sua vez, Luciana Ikedo, assessora de investimentos, compartilha essa visão, enfatizando a solidez histórica das finanças públicas brasileiras.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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