Alex Fusté, economista-chefe do private banking, afirma que o pacote do governo envia sinais errados ao mercado, afastando investimentos estrangeiros.
Ao anunciar a isenção fiscal para quem ganha até R$ 5 mil por mês, o governo brasileiro emitiu um sinal controverso ao mercado financeiro, o que pode resultar em uma diminuição de investimentos estrangeiros, uma desvantagem significativa em um cenário global com grande liquidez.
No entanto, a administração pública pode reverter esse cenário ao adotar políticas mais atraentes para os investidores estrangeiros, assegurando a estabilidade econômica e a segurança jurídica. Para tanto, o poder executivo precisa agir com cautela e responsabilidade, priorizando o bem-estar da população e a saúde das finanças públicas. Além disso, o governo deve buscar o diálogo com o setor privado e a sociedade civil para encontrar soluções inovadoras e eficazes.
Um alerta para o governo: erros de comunicação com o mercado
Alex Fusté, economista-chefe do Andbank, grupo financeiro especializado em private banking, alerta que o atual governo está repetindo os erros de comunicação com o mercado, cometidos durante a gestão de Dilma Rousseff. Com sede em Andorra e presente em 11 países, o Andbank detém o equivalente a R$ 210 bilhões sob gestão no mundo. Fusté afirma que a política fiscal expansionista da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva não é, em si, um obstáculo, mas sim a forma como os gastos são utilizados. ‘Os países nórdicos investem muito em gastos sociais e suas economias funcionam muito bem’, diz Fusté. ‘O problema é utilizarmos todos esses grandes gastos em políticas com pouco retorno econômico ou financeiro.’
Um exemplo de sucesso e um contraponto à política de Lula
O economista cita a política de contração fiscal adotada pelo argentino Javier Milei como um exemplo de sucesso e contraponto à política de Lula, com redução pela metade do custo de financiamento do governo argentino e aumento de reservas internacionais. Fusté dedicou boa parte da entrevista para falar de sua expectativa do novo governo americano sob Donald Trump, a partir de janeiro. Ele não acredita na adoção de uma política linear americana de tarifas de importação e sim aplicadas a alguns países para alcançar determinados objetivos políticos.
A política tarifária de Trump e o mercado livre
Os países mais visados, segundo Fusté, serão os que não praticam economia de mercado e recorrem a subsídios que desequilibram a competição, como a China. ‘Tudo o que um país tem de fazer é cumprir certas normas do mercado livre para evitar sobretaxação de tarifas’, diz, criticando o ‘receio exagerado’ da política tarifária de Trump. Fusté também alertou para a situação da União Europeia, pressionada pela crise fiscal da França e econômica da Alemanha.
A União Europeia e o tratado de livre comércio com o Mercosul
Para o economista, nem o temor de sofrer sobretaxação de suas exportações para os EUA, principal parceiro comercial europeu, levará o bloco a assinar o tratado de livre comércio com o Mercosul. ‘Estamos negociando esse acordo há duas décadas e ainda estamos presos a diferenças importantes’, diz, citando a oposição do setor agrícola francês ao Mercosul. ‘Isso significa que a assinatura não é iminente e deve demorar’, acrescenta, contrariando o otimismo brasileiro de um desfecho para o tratado no encontro de cúpula dos dois blocos, esta semana, em Montevidéu.
Fonte: @ NEO FEED
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