Investigação administrativa sancionadora de 2019, aberta em maio de 2023, analisa registros contábeis e financeiros.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) finalizou, no dia 2 de setembro, o documento acusatório de um dos processos relacionados à alegada fraude contábil no IRB, que veio à tona pouco antes da pandemia. A notícia foi divulgada antecipadamente nesta quarta-feira (21) pelo jornal ‘O Globo’.
No desenrolar da investigação, a CVM revelou detalhes surpreendentes sobre o processo em questão, destacando a complexidade das operações financeiras envolvidas. A transparência durante a investigação é fundamental para garantir a integridade do mercado de capitais.
Investigação do processo administrativo sancionador
O processo administrativo sancionador (PAS) em análise, iniciado em maio de 2023, está focado em examinar possíveis irregularidades nos registros contábeis e nas demonstrações financeiras do exercício social de 2019. A investigação envolve 11 ex-diretores e conselheiros da resseguradora. De acordo com dados públicos disponíveis, o processo encontra-se atualmente na etapa de citação dos acusados, com comunicação externa — ou seja, notificação oficial sobre as acusações. Entre os acusados, destacam-se quatro ex-diretores estatutários do IRB: José Carlos Cardoso, que liderou a empresa; Fernando Passos, que ocupou o cargo de vice-presidente executivo de finanças e de relações com investidores do IRB; Lúcia Maria da Silva Valle, ex-vice-presidente executiva de riscos e conformidade; e Werner Romera Suffert, ex-diretor de relações com investidores do IRB. No grupo de ex-membros do conselho de administração, sete indivíduos são alvo do processo: Ivan Monteiro, ex-presidente da Petrobras e atual diretor-presidente da Eletrobras; Alexsandro Broedel Lopes, ex-conselheiro do IRB e ex-diretor financeiro do Itaú; Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa e réu por acusações de assédio; Marcos Bastos Rocha; Maria Elena Bidino; Roberto Dagnoni; e Vinícius José de Almeir Albernaz. Até o momento, o IRB não se pronunciou, e o Valor está tentando contato com os acusados. A CVM iniciou inquéritos em maio de 2020 para investigar as operações do IRB, resultando em processos administrativos e sancionadores. Outro processo, aberto em novembro de 2021, acusa Fernando Passos e José Carlos Cardoso de possíveis irregularidades em operações na B3 envolvendo as ações do IRB entre janeiro e março de 2020. Relembrando o caso: No início de fevereiro de 2020, a gestora Squadra divulgou uma carta aos cotistas explicando sua posição ‘short’ nas ações da resseguradora, levantando questionamentos sobre as práticas contábeis do IRB. A repercussão foi significativa, resultando em uma queda de 26% nas ações em fevereiro daquele ano. Ivan Monteiro renunciou à presidência do conselho do IRB, seguido pela renúncia de José Carlos Cardoso à presidência da empresa. O IRB encerrou 2020 com um prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão, em contraste com o lucro de R$ 1,21 bilhão em 2019. Este conteúdo foi veiculado pelo Valor PRO, o serviço de tempo real do Valor Econômico.
Fonte: @ Valor Invest Globo
Comentários sobre este artigo