Cânceres de colo de útero, mama e sarcoma de Kaposi têm desfechos piores em população negra. Desigualdades no acesso ao diagnóstico e tratamento destacadas no IX Congresso Internacional.
No Brasil, a incidência de câncer afeta diversas camadas da população, porém a disparidade no acesso ao diagnóstico e tratamento ainda é uma realidade. É preocupante observar que tanto mulheres quanto homens negros enfrentam prognósticos mais desfavoráveis quando se trata de cânceres que, se detectados precocemente, poderiam ter desfechos bem mais positivos.
A oncologia é a área da medicina responsável pelo estudo e tratamento das neoplasias, incluindo os tumores malignos. A importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico regular na oncologia não pode ser subestimada. É fundamental conscientizar a população sobre a prevenção e a importância do acesso igualitário a tratamentos eficazes contra o câncer.
Desigualdades no Atendimento Oncológico à População Negra
Uma das mesas discutidas durante o IX Congresso Internacional de Oncologia D’Or no Rio de Janeiro destacou as disparidades no cuidado prestado aos pacientes negros. Ana Amélia de Almeida Viana, oncologista de renome em Salvador (BA), ressaltou que tais discrepâncias resultam em desfechos piores para os tumores malignos. Ela enfatizou que a questão vai além da genética, sendo crucial garantir acesso adequado ao diagnóstico e tratamento.
A especialista apresentou pesquisas que evidenciam como fatores sociais, como falta de acesso a serviços básicos e condições precárias de vida, influenciam negativamente a saúde da população negra. Um estudo mencionado por Viana revelou que mulheres negras no Brasil enfrentam um risco 27% maior de morte por câncer de colo de útero em comparação com outras etnias.
No contexto do câncer de mama, a situação não é diferente. Dados de 2018 apontam que mulheres negras com esse tipo de neoplasia têm uma taxa de sobrevida 25% menor do que as brancas. Além disso, a oncologista ressaltou a prevalência de casos fatais de sarcoma de Kaposi entre a população negra, atribuindo a situação a dificuldades de acesso a tratamentos específicos.
Ana Amélia Viana também compartilhou exemplos de discriminação racial no ambiente de tratamento oncológico. Em uma situação ilustrativa, uma paciente com câncer de mama enfrentou constrangimentos em um hospital privado devido a preconceitos implícitos. A médica enfatizou a importância de seguir protocolos para mitigar tais ocorrências e garantir um atendimento justo a todos os pacientes, independentemente de sua origem étnica.
A conscientização sobre as disparidades étnico-raciais no contexto oncológico é fundamental para promover a equidade no acesso aos cuidados de saúde. A implementação de medidas que assegurem um tratamento justo e livre de viés é essencial para melhorar os desfechos do câncer, especialmente para a população negra.
Fonte: @ Metropoles
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