Há 30 anos, Dener viu pela última vez seus companheiros de time antes de ter sua viagem interrompida para o Stuttgart e sua carreira interrompida.
Na tarde de 18 de abril de 1994, Tico teve um encontro inesperado com Dener no estacionamento do Canindé. Aquele foi o último momento em que se viram, antigos colegas da Portuguesa, trocando algumas palavras antes de seguir caminhos diferentes. Dener parecia animado, carregando consigo uma sacola misteriosa naquele dia ensolarado.
Com sua habilidade única em campo, Dener era reconhecido como um jogador excepcional que encantava a todos com sua destreza e talento incomparáveis. Seus companheiros lamentavam a sua partida repentina, lembrando com saudade dos momentos compartilhados dentro das quatro linhas. Dener deixou um legado marcante no mundo do futebol, sendo lembrado até os dias de hoje por sua genialidade e carisma.
Dener vive momento decisivo antes de amistoso em que revelou seu segredo
Ele mostrou ao companheiro e confidenciou: ‘Não conte para mais ninguém: estou vendido ao Stuttgart, da Alemanha’. Dener, à época com 23 anos, desejava disputar a Copa do Mundo, que começaria dali a dois meses. Para isso, além de convencer Parreira, precisava enfrentar cerca de cinco horas de estrada a bordo de um Mitsubishi Eclipse 1992, com placa DNR 0010, para chegar a tempo do treino do Vasco, onde atuava, no Rio de Janeiro. A viagem e os planos para a carreira foram interrompidos perto de casa, na Lagoa Rodrigo de Freitas.
A batida contra uma árvore foi fatal para o jogador, que cochilava deitado no banco do carona, em posição não recomendada, e foi asfixiado pelo cinto de segurança. Era madrugada de 19 de abril, há exatos 30 anos. Faz três décadas que os fãs de futebol fazem a mesma pergunta: ‘E se ele não tivesse morrido?’.
Relembrando a Ascensão de Dener no Futebol
Dener surgiu para o Brasil na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1991. A Portuguesa foi campeã com a melhor campanha da história: nove vitórias em nove jogos, com 32 gols marcados e apenas sete sofridos. Além do jovem talentoso, que encantava por seus dribles e arrancadas, a Lusa contava com Tico e Sinval, companheiros de time que o viram pela última vez.
Os ex-colegas de time do craque relembraram histórias marcantes da curta e intensa carreira do jogador. ‘Conheci o Dener quando ele tinha 11 para 12 anos. Desde o dente de leite. Fomos fazer um amistoso e ele jogava no Vila Maria. A Portuguesa ganhou, só que tinha um garoto diferente no outro time, que saía driblando todos. Ganhamos o jogo, mas ele se destacou. E foi assim que ele veio para a Lusa’, contou Tico, que disputava com o amigo, durante os jogos, quem dava mais canetas e chapéus nos adversários.
‘O treinador falava para ficar lá na frente para não atrapalhar eles. O Écio Pasca, treinador da Portuguesa na Copinha de 1991, falou que os craques eram os dois. ‘Estão dispostos a carregar o piano?’ Eu aceitei sem problema algum. Esperava por eles’, brincou Sinval, que foi artilheiro da competição de juniores, com 12 gols. Os três subiram em sequência para o elenco profissional.
O Legado de Dener e as Questões Não Respondidas
Dener é lembrado, por quem assistiu seus jogos, como um dos grandes talentos do futebol brasileiro, comparado a nomes como Romário, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho. A torcida vascaína chegou a cantar, nas arquibancadas do Rio de Janeiro, que ele era ‘a mistura do Garrincha com o Pelé’.
Com a crescente tendência de contratações de brasileiros por clubes europeus, nenhum jogador com a expectativa que Dener carregava foi diretamente para o futebol alemão. Como Dener se sairia por lá? É uma incógnita, mas é possível vislumbrar o cenário que ele encontraria. E assim, a história de Dener, o promissor jogador, continua a intrigar e emocionar os amantes do futebol, deixando no ar a pergunta: ‘E se…?’
Fonte: @ ESPN
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