PF desarticula organização criminosa suspeita de crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
A Operação Concierge realizada pela Polícia Federal (PF) hoje (28) com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa suspeita de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro teve como alvo as fintechs InovePay e T10 Bank, acusadas de movimentar R$ 7,5 bilhões para organizações criminosas.
As fintechs estão cada vez mais em evidência no cenário financeiro, desafiando os bancos tradicionais. A concorrência entre as instituições financeiras tradicionais e as fintechs digitais tem impulsionado a inovação e a modernização do setor, beneficiando os consumidores com mais opções e serviços personalizados.
Operação da PF desmantela esquema envolvendo fintechs ilegais
Ambas as fintechs não eram autorizadas pelo Banco Central (BC) a operar e se mantinham hospedadas em instituições financeiras de grande porte: Banco Rendimento e BS2 (antigo Bonsucesso). A organização criminosa, por meio de dois bancos digitais – denominados fintechs –, ofereciam abertamente, contas clandestinas, que permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial, de forma oculta, as quais foram utilizadas por facções criminosas, empresas com dívidas trabalhistas, tributárias, entre outros fins ilícitos, informou a PF. Segundo a PF, estão sendo cumpridos 10 mandados de prisão preventiva, 7 mandados de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 9ª Vara Federal em Campinas, nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Entre as buscas, estão as sedes dos bancos que hospedam as fintechs ilegais e que não notificaram o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) quanto às transações suspeitas, bem como de instituições administradoras de cartões de crédito. Procurado pelo Valor, o Banco Rendimento disse que no momento da operação realizada nesta quarta-feira, ele já não prestava mais os serviços mencionados para a T10 Bank. ‘O Banco Rendimento está colaborando com as investigações.’ A instituição disse ainda que segue todas as regulamentações do BC e órgãos competentes, ‘também aplicadas desde o início da relação com a T10 Bank, onde todas as avaliações recomendadas foram executadas’. Já o BS2 (antigo Bonsucesso) não confirmou com qual das duas fintechs operava, mas disse que está colaborando com fornecimento de informações à Polícia Federal e Receita Federal relativas a movimentações financeiras de um cliente. ‘Estamos prestando todos os esclarecimentos demandados pelas autoridades competentes e reafirmamos nossa atuação em conformidade com a regulamentação vigente.’ A Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) disse, por meio de nota, que as fintechs citadas na investigação não fazem parte do quadro de membros da entidade. Reafirmamos nosso compromisso com a ética e a legalidade no setor financeiro, alinhando-nos aos esforços da Federação Brasileira de Bancos e das autoridades para construir um mercado mais seguro e confiável para todos. A operação determinou também a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela organização criminosa para dissimular as transações, suspensão da inscrição de dois advogados junto à OAB (1 em Campinas e 1 em Sorocaba), suspensão do registro de contabilidade de 4 contadores (2 em Campinas, 1 em São Paulo e um Osasco), além do bloqueio de valor de R$850 milhões em contas associadas à organização criminosa. Pelas informações da PF, ‘as contas eram anunciadas como contas garantidas porque eram ‘invisíveis’ ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, funcionando por meio de contas bolsões, sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem’. Além das contas bolsões, a investigação revelou a complexidade das transações financeiras realizadas pelas fintechs ilegais.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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