Vice de Segurança Global, Chris Rackow, deixou o cargo. Protestos nos EUA sobre suposto contrato de US$ 1,2 bi apoiando conflito em Gaza.
O recente movimento do Google de demitir 28 funcionários que se posicionaram contra um acordo com o governo de Israel causou repercussão nas redes sociais e na mídia. O contrato de US$ 1,2 bilhão envolvendo a utilização da infraestrutura de nuvem da empresa para serviços de inteligência artificial e detecção facial abriu debates sobre ética e responsabilidade corporativa.
A decisão do Google de dispensar parte de sua equipe em meio a manifestações contrárias ao acordo evidencia a complexidade dos dilemas enfrentados por uma empresa de tecnologia global. A repercussão do episódio levantou questionamentos sobre os limites entre negócios, valores éticos e o papel das corporações na sociedade atual.
Funcionários do Google demitidos após protesto
O anúncio do desligamento dos funcionários foi feito pelo vice-presidente de Segurança Global da empresa, Chris Rackow, em um e-mail direcionado ao corpo de empregados, conforme reportagem do The Wall Street Journal. A iniciativa gerou uma onda de críticas por parte de empregados do Google ligados à campanha No Tech for Apartheid.
Segundo a campanha, a decisão de demitir os funcionários foi vista como um ato de retaliação. Destacaram ainda que alguns dos demitidos sequer estavam presentes no protesto realizado em Nova York e Sunnyvale. Durante o protesto, que ocorreu em ambas as cidades americanas, houve a ameaça de ocupação dos escritórios da empresa até o cancelamento do acordo da empresa com o governo israelense, que envolve um contrato de US$ 1,2 bilhão.
Nesse contexto, 9 trabalhadores foram detidos em Sunnyvale no dia da manifestação. O Google reagiu afirmando que a ação dos manifestantes configura uma clara violação de suas políticas e um comportamento inaceitável.
Os embates entre os empregados e a empresa vêm ocorrendo desde 2021, com críticas públicas ao contrato em questão. A tensão se agravou com o aumento do conflito entre o governo israelense e o grupo Hamas. O contrato, denominado Nimbus e no valor de US$ 1,2 bilhão, visa fornecer serviços de nuvem ao governo de Israel, com potencial apoio no desenvolvimento de ferramentas militares.
O acordo, compartilhado com a Amazon, prevê o fornecimento de recursos como inteligência artificial, detecção facial, categorização automática de imagens, rastreamento de objetos e análise de sentimentos. Em defesa do contrato, o Google declarou que o serviço não se destina a cargas de trabalho altamente sensíveis, confidenciais ou militares relacionadas a armas ou serviços de inteligência.
Por outro lado, Hasan Ibraheem, engenheiro de software do Google que participou do protesto em Nova York, argumentou que ao fornecer suporte de infraestrutura de nuvem e IA para as forças armadas israelenses, a empresa está indiretamente envolvida nos conflitos que afetam o povo palestino. Os debates em torno desse tema sensível continuam gerando discussões e reflexões sobre o papel das empresas de tecnologia em questões políticas e humanitárias.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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