Ministro da Fazenda desmente relato de que governo mexeria no limite de despesas em reunião fechada no Santander.
O secretário de Economia, Fernando Haddad, destacou a importância da correta interpretação das medidas econômicas em vigor. Em meio às discussões sobre cortes de gastos e limites de despesas, ele ressaltou a necessidade de um debate transparente e embasado.
É fundamental evitar uma interpretação equivocada das declarações do ministro. Qualquer conclusão incorreta pode gerar impactos indesejados no mercado financeiro. Portanto, é essencial analisar com cautela cada informação divulgada.
Interpretação equivocada da reunião fechada
O relato surgiu após uma reunião fechada do ministro com membros de instituições financeiras em São Paulo, incluindo o presidente do Santander, Mário Leão. Após o encontro, os juros futuros dispararam, chegando perto dos 12% em certos pontos da curva; o dólar ultrapassou os R$ 5,32; e o Ibovespa registrou uma queda de 1,73%, retornando aos 120 mil pontos.
Houve um protocolo que foi quebrado, a condição da reunião era que as pessoas não interpretassem erroneamente o que foi dito’, afirmou Haddad a jornalistas durante uma segunda rodada de conversas. O ministro já havia conversado com a imprensa sobre a Medida Provisória que restringe o uso de créditos de PIS/Cofins e voltou a se pronunciar após a reação negativa do mercado.
Haddad solicitou aos participantes da reunião que não distorcessem suas palavras ou fizessem uma interpretação incorreta do que foi dito. ‘Se houver alguma dúvida, por favor, façam a pergunta que eu responderei’, relatou ter comunicado aos presentes.
Segundo Haddad, um dos participantes da reunião questionou se haveria a possibilidade de contingenciamento caso algumas despesas obrigatórias ultrapassassem o limite previsto. ‘Eu respondi que sim, se algumas despesas excedessem o previsto, poderia haver a necessidade de contingenciar gastos, o que é completamente normal e está de acordo com o arcabouço fiscal’, afirmou.
‘Se uma despesa obrigatória aumentar além do previsto no orçamento, isso pode impactar as demais despesas e levar o governo a contingenciar’, explicou Haddad. Circulou entre os agentes do mercado a informação de que o ministro teria mencionado um contingenciamento de R$ 30 bilhões, mas a decisão de cortar despesas ou modificar o arcabouço era do presidente Lula e seria tomada em agosto.
Uma interpretação equivocada que circulou entre alguns agentes do mercado foi a de que o governo optaria por não reduzir gastos, mas sim alterar o arcabouço. ‘Isso é uma interpretação errada’, afirmou Haddad. ‘Pare para refletir se essa conversa faz sentido. É tão pouco razoável’, destacou. ‘Foi exatamente o oposto do que eu disse. A pergunta era se, diante do aumento das despesas obrigatórias, seria possível contingenciar outras despesas. E a resposta é sim, conforme o arcabouço fiscal. É obrigatório contingenciar.’
Haddad explicou que respondeu de forma clara na reunião, especialmente sobre as despesas previdenciárias. Segundo o ministro, ele mencionou que há duas tendências nesse cenário: um aumento de despesas e medidas de economia implementadas pela administração da Previdência. ‘A cada mês, avaliamos e ajustamos as projeções com base nos fatos, como tem sido feito nos relatórios bimestrais’, acrescentou.
Haddad lamentou o ocorrido. ‘Isso é uma irresponsabilidade. Eu sugeriria entrar em contato com o CEO do Santander’, disse Haddad. ‘Não estou afirmando que foi alguém do Santander, estou dizendo que o episódio foi resultado de uma interpretação equivocada.’
Fonte: @ Valor Invest Globo
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