Reforma do Questionário do ISE B3 visando abordar a questão da mudança climática, com foco em risco e estabilidade index. Plano de crise e respostas coerentes até 2025.
Uma análise detalhada do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) está em andamento na B3, principal bolsa de valores do Brasil, com previsão de conclusão até 2025. A fase de consulta pública teve início no dia 25 de março e seguirá até 9 de maio para discutir o formulário empregado na criteriosa seleção das empresas participantes.
Ao debater o Índice de Sustentabilidade Empresarial, a B3 busca promover a divulgação de práticas sociais, ambientais e de governança corporativa. Esses critérios são essenciais para garantir a sustentabilidade e a responsabilidade das companhias listadas no mercado financeiro.
ISE: Importância da Revisão e Novos Parâmetros de Mercado
Em discussão estão aspectos sobre capital humano, capital social, governança corporativa e alta gestão, meio ambiente e modelos de negócio e inovação, dimensões que formam o índice de sustentabilidade empresarial. A consulta pública é uma parte da primeira grande revisão do ISE desde sua criação em 2005, passando por uma mudança de metodologia em 2021.
Até então, a cada ano, ajustes pontuais eram feitos nos questionários setorizados preenchidos pelas empresas – com perguntas de acordo com o tipo de atividade -. O processo de revisão do questionário do ISE busca manter o indicador atualizado a outras iniciativas de avaliação ESG (sigla em inglês que se refere ao meio ambiente, social e governança) existentes no mercado.
A atualização também acontece em meio a maior ‘concorrência’ de indicadores que olham para a sustentabilidade das corporações. Entenda mais abaixo.
Novos Parâmetros do Mercado para o ISE
A revisão do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ocorre em meio a novas resoluções que precisam ser seguidas, como a Resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que orienta a elaboração e divulgação de relatório de informações de sustentabilidade com base no padrão internacional IFRS S1 e S2, do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês), que é uma espécie de irmão do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, em inglês).
Cesar Sanches, superintendente de Sustentabilidade da B3, diz que as novas resoluções serão uma referência central do processo de revisão do questionário ISE, já que o IFRS S1 e S2 adota a ‘materialidade financeira’ (informações de sustentabilidade financeiramente relevantes), um critério mais limitado do que a chamada ‘dupla materialidade’ (como o ESG afeta o negócio e como o negócio afeta o ESG), usado pela União Europeia, pelas empresas brasileiras e, também, pelo ISE.
‘Aspectos como o de aplicabilidade setorial dos questionários temáticos e de abordagem de uma série de perguntas serão revisados, considerando as iniciativas. Também acreditamos que a partir dessa nova regulação, aumentará a atenção das empresas à gestão da sustentabilidade e dos aspectos ESG de seu negócio.
Aumentará também a quantidade de empresas que publicarão reportes sobre essa gestão e seus impactos. Entendemos que isso aumenta ainda mais a importância do ISE como referência’, comenta.
Avanços e Desafios das Empresas no ISE
Capital humano; governança corporativa e alta gestão; modelo de negócio e inovação; capital social; meio ambiente e mudança do clima são as dimensões respondidas pelas empresas que compõem o ISE desde 2021. Em 2023, das 96 companhias que responderam aos questionários, 55 companhias já haviam participado em 2021.
Ao se comparar os resultados, de maneira geral, a B3 avalia que há uma evolução de desempenho das companhias. O melhor desempenho está na área de governança corporativa e alta gestão (83,33%). As dimensões em que houve maior evolução no desempenho foi modelo de negócios e inovação, onde a média entre as empresas que participaram em 2021 e 2023 passou de 71,71% para 82,94%.
Já mudança do clima e capital humano foram as duas dimensões com os desempenhos médios mais baixos, não chegando a 70%. O descompasso no desempenho mostra que ainda há questões que precisam ser enfrentadas pelas empresas.
Em relatório assinado por Marcella Ungaretti e Luiza Aguiar, da área de análise ESG, a XP avalia que ‘o ISE B3 continua a ser uma importante medida do desempenho ESG das empresas brasileiras, destacando aquelas que estão bem posicionadas em relação à agenda’.
No entanto, a avaliação é de que ‘mesmo as empresas selecionadas para integrar a carteira têm espaço para aprimorar suas estratégias ESG adiante’.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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