Assange pode ser condenado a até 175 anos nos EUA por vazar documentos confidenciais desde 2010 sobre atividades militares e diplomáticas, como no Iraque e Afeganistão.
O Tribunal Superior de Justiça de Londres decidiu nesta terça-feira (26) sobre o caso de Julian Assange, o polêmico jornalista e ativista. A decisão foi favorável ao recurso parcial do fundador do WikiLeaks, que contestava a extradição solicitada pelos Estados Unidos.
Julian Assange, conhecido por ser o fundador do WikiLeaks, teve sua situação judicial reavaliada pela corte londrina. A decisão, que ainda causa repercussões, representa um marco na luta pela liberdade de imprensa e de expressão. O ativista continua a travar batalhas legais em busca de justiça.
Decisão decisiva para Julian Assange
Em uma decisão vista como uma vitória parcial para Julian Assange — o fundador do WikiLeaks pode ser condenado a 175 anos de prisão nos Estados Unidos — a Corte britânica adiou uma eventual extradição de Assange aos EUA e concordou que seu recurso é válido.
Na decisão, publicada nesta manhã, os juízes britânicos pediram mais informações ao governo norte-americano e deram um prazo de três semanas para que Washington apresente essas informações.
‘Julian Assange não será extraditado imediatamente. O tribunal deu ao governo dos Estados Unidos três semanas para dar garantias satisfatórias’, decidiu o tribunal.
A decisão final da Corte de Londres será a última chance de Julian Assange de escapar da extradição aos Estados Unidos, país do qual ele é cidadão.
Lá, Julian Assange pode ser condenado a uma pena de até 175 anos de prisão por vazar 700 mil documentos confidenciais desde 2010 sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, principalmente no Iraque e Afeganistão. Um dos materiais vazados era um vídeo que exibia soldados norte-americanos executando 18 civis de um helicóptero no Iraque.
Outros exibiam os assassinatos de civis, entre eles jornalistas, e também abusos cometidos por autoridades dos EUA e outros países. Como havia a revelação de identidades de pessoas que cooperavam com os militares no Oriente Médio, oficiais norte-americanos afirmaram que o vazamento colocava vidas em risco.
Em 2019, o Departamento de Justiça dos EUA descreveu os vazamentos do WikiLeaks como ‘um dos maiores vazamentos de informações confidenciais na história dos Estados Unidos‘.
‘Meu cliente está sendo processado por realizar uma prática jornalística comum, de obter e publicar informações confidenciais, informações verdadeiras e de interesse público evidente e importante’, afirmou o advogado de Julian Assange, Edward Fitzgerald, no tribunal.
Clair Dobbin, advogada que representa os Estados Unidos, por sua vez, disse que Julian Assange publicou nomes de pessoas que ‘atuaram como fontes de informação para os Estados Unidos‘.
Luta pela liberdade de Julian Assange
Em janeiro de 2021, um tribunal britânico rejeitou, em um primeiro momento, o pedido de extradição para os Estados Unidos. Porém, apelação americana fez com que, em dezembro de 2021, a Justiça britânica anulasse a primeira decisão e abrisse caminho para a extradição – até o julgamento desta semana.
No início de 2022, os EUA chegaram a ter um novo pedido de extradição negado pela justiça do Reino Unido que alegou existir um risco de Julian Assange cometer suicídio.
Preso na Inglaterra
O fundador do WikiLeaks estava preso na Inglaterra desde 2019, após de passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas.
Antes do julgamento, a esposa de Julian Assange fez um alerta sobre o estado de saúde frágil do australiano de 52 anos.
‘A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer’, afirmou Stella Assange na semana passada.
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Fonte: © G1 – Globo Mundo
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