Biomédica nega trabalho no Rio e fará boletim sobre uso indevido de registro em atividades de coleta, processamento e análise em patologia, junto ao Conselho Regional de Farmácia e Anvisa.
No laboratório responsável pelos exames que atestaram negativo para HIV em pacientes que foram infectados após transplantes no Rio de Janeiro, um dos laudos foi assinado por Jacqueline Iris Bacellar de Assis, técnica em patologia clínica. No entanto, o registro profissional abaixo do nome não correspondia à sua identidade, mas sim à de uma biomédica que reside em Recife e tem seu registro profissional suspenso.
O caso levanta questionamentos sobre a segurança e a confiabilidade dos exames realizados no laboratório, que é vinculado ao PCS Lab, de Saleme. A falta de controle e fiscalização pode ter contribuído para o erro. Além disso, a presença de um registro profissional suspenso em um laudo de exame é um sinal de alerta para a necessidade de uma investigação mais aprofundada sobre as práticas do laboratório. A transparência e a responsabilidade são fundamentais em um laboratório.
Investigação no Laboratório PCS Lab Saleme
A biomédica Jaqueline, vinculada ao Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro, afirmou que nunca trabalhou no laboratório PCS Lab Saleme e irá fazer um boletim de ocorrência sobre o uso indevido do seu registro. Ela tem especialização em patologia clínica e seu advogado, José Félix, afirma que ela apenas encaminhava os resultados dos exames para um médico do laboratório, mas não os assinava.
De acordo com a resolução da Anivsa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), técnicos em patologia clínica podem realizar atividades relacionadas à coleta, processamento e análise de amostras biológicas, desde que estejam treinados e atuem sob supervisão de profissionais de nível superior. No entanto, o Conselho Regional de Farmácia suspendeu o registro da técnica de forma preventiva.
O laboratório PCS Lab Saleme, vinculado à Fundação Saúde do Governo do Estado do Rio de Janeiro, está sob investigação após emitir laudos com falsos negativos para HIV, o que resultou na contaminação de seis pacientes transplantados no estado. Em nota, o Conselho Federal de Biomedicina disse que a profissional e o laboratório não possuem inscrição no Conselho Regional de Biomedicina 1ª Região, jurisdição a qual pertence o Estado do Rio de Janeiro.
Contaminação de Pacientes Transplantados
Até agora, foi comprovado que amostras de dois pacientes analisadas pelo laboratório estavam contaminadas. A primeira é de um homem de 28 anos que teve seu coração e rins doados após teste inicial negativo para HIV. Dele, o Hemorio atestou que três pessoas foram contaminadas. Esse laudo foi assinado por Wagner Vieira, médico e farmacêutico que estava registrado como responsável técnico do laboratório até 26 de julho de 2024.
Já o laudo assinado por Jaqueline foi o caso de uma mulher de 40 anos que morreu no Hospital Municipal Albert Schweitzer, na zona oeste da cidade, e teve seus rins e fígado transplantados em maio. Em outubro, um dos receptores apresentou sintomas e testou positivo para HIV. Outros dois transplantados que receberam órgãos dessa doadora foram localizados, e seus testes também resultaram positivo para o vírus – elevando assim o número total para seis pacientes infectados.
O laboratório PCS Lab Saleme afirmou que ‘desde o início da prestação de serviço à Fundação Saúde do Governo do Estado do Rio de Janeiro, comprou cerca de 900 testes de diagnóstico de HIV recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa’. Atualmente, 286 testes de sangue de doadores aprovados pelo laboratório estão sendo analisados.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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