Premiê israelense recuou de interromper ataques ao Hezbollah após ameaças de aliados no governo, mudando o cenário da campanha de esmagar a milícia.
A proposta de um cessar-fogo de 21 dias entre Israel e Hezbollah, sugerida por EUA e França, encontrou resistência dentro do Gabinete do premiê Benjamin Netanyahu, que lidera um governo apoiado por integrantes de extrema direita.
O governo de Netanyahu enfrenta pressões internas para não aceitar a proposta de cessar-fogo, pois muitos de seus aliados políticos acreditam que isso seria um sinal de fraqueza diante do Hezbollah. A decisão final ainda não foi tomada, mas é claro que o primeiro-ministro precisa equilibrar as pressões internas com as expectativas internacionais. A situação é delicada e exige uma solução cuidadosa.
Netanyahu e a Campanha Contra o Hezbollah
O primeiro-ministro israelense, Netanyahu, enfrenta uma grande pressão de seus ministros mais radicais, incluindo o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, que ameaçaram abandonar a coalizão caso uma trégua seja acertada com o Hezbollah. Smotrich enfatizou que a campanha deve terminar com a derrota do Hezbollah e a remoção de sua capacidade de prejudicar os moradores do Norte. Ben Gvir foi categórico ao alertar Netanyahu de que se aceitasse um acordo temporário, seu partido renunciaria ao governo.
Outras autoridades israelenses se mostraram cautelosas em relação à interrupção dos bombardeios no Líbano, argumentando que isso daria ao Hezbollah a chance de restaurar parte do arsenal perdido nos últimos dias. Yair Lapid, um dos principais adversários políticos de Netanyahu, defendeu uma trégua de apenas sete dias, com a condição da retirada da milícia xiita da fronteira norte de Israel.
Netanyahu e a Posição de Força
Netanyahu desembarcou em Nova York, decidido firmemente a manter os ataques ao Hezbollah ‘com força total’. Ele afirmou que não vai parar até atingir todos os objetivos, incluindo o retorno dos moradores do Norte em segurança para suas casas. O premiê conta com o apoio popular nesta campanha de ataques contra o Hezbollah, que no último ano deslocou mais de 60 mil residentes de suas casas no Norte do país.
A proposta franco-americana para o cessar-fogo de três semanas teve o apoio de vários países, incluindo G7, União Europeia, Austrália, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar. No entanto, Netanyahu foi informado sobre os esforços diplomáticos e inicialmente deu o seu aval à iniciativa de interromper temporariamente os ataques ao Líbano, que já resultaram em mais de 600 mortos. Após a repercussão negativa entre as facções que compõem o governo, ele teria mudado de ideia e qualificado, por meio de seu Gabinete, como imprecisas as informações sobre uma possível trégua.
Essa conduta do premiê é uma repetição de tentativas anteriores de negociações para um acordo de cessar-fogo com o Hamas em Gaza. Em diversas ocasiões, o presidente Joe Biden chegou a anunciar, com otimismo, um acordo próximo para a libertação de reféns mantidos pelo Hamas. O presidente americano se fiava inutilmente na palavra do premiê israelense, que, por sua vez, se rendia à ala radical de seu governo.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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