Nova versão: Nheengatu, língua mais falada da Amazônia, ganha destaque na Campus Party Brasília como parte do processo de retomada linguística e travessia cultural.
O aplicativo desenvolvido por Suellen Tobler para ensinar um idioma indígena, o Nheengatu App, é considerado uma inovação no mercado de tecnologia. A criação foi destaque na Campus Party Brasília, evento que reúne apaixonados por tecnologia e inovação.
O Nheengatu App promete revolucionar a forma como aprendemos novos idiomas, oferecendo uma experiência única e imersiva aos usuários. O uso de aplicativos para educação tem ganhado cada vez mais espaço no mercado, trazendo comodidade e praticidade para os estudantes.
Novo desenvolvimento do aplicativo Nheengatu
Funciona dessa forma: após instalar o aplicativo, o usuário terá um conjunto expandido de exercícios com figuras, auxiliando no aprendizado de uma variedade de palavras e frases. O Nheengatu deriva do tronco linguístico tupi e já foi o idioma predominante na região amazônica.
Suellen Tobler relata que, graças ao sucesso do Nheengatu App, muitas comunidades indígenas engajadas na preservação de suas culturas demostraram interesse em criar um app para suas próprias línguas.
Além do português, estima-se que o Brasil abrigue mais de 250 línguas em uso, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os idiomas indígenas sobreviveram ao tempo e se tornaram elementos cruciais da identidade nacional, influenciando a iniciativa da pesquisadora Suellen Tobler em lançar o primeiro aplicativo voltado para o ensino de um idioma indígena brasileiro: o Nheengatu App.
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- 📱A plataforma foi apresentada durante a 6ª edição da Campus Party Brasília, evento de tecnologia, criatividade e inovação que ocorre até domingo (31), no Estádio Mané Garrincha;
- 📱Funciona dessa forma: ao instalar o aplicativo, o usuário terá acesso a exercícios com imagens para aprender diferentes palavras e frases (confira no vídeo acima);
- 📱Os áudios utilizados nos exercícios são narrados por George Borari, professor de Nheengatu na Escola Indígena Borari em Alter do Chão, no Baixo Tapajós;
- 🗣 O Nheengatu possui raízes no tronco linguístico tupi, com influências do português, de forma semelhante ao português brasileiro ter influências do tupi.
Segundo a desenvolvedora, o Nheengatu era outrora o idioma mais utilizado na região amazônica.
‘Anteriormente, era conhecido como ‘língua geral amazônica”, explica.
‘O aplicativo foi lançado em outubro de 2021. A partir desse momento, foi incorporado em salas de aula de escolas indígenas na região do Baixo Tapajós.
A versão inicial do aplicativo enfoca a variação ‘Nheengatu Tapajowara’, o idioma da região do Baixo Tapajós, mas outras variações estão em desenvolvimento’, esclarece Suellen Tobler.
Após o lançamento do Nheengatu App, líderes de comunidades indígenas envolvidos na preservação de suas culturas demonstraram interesse em desenvolver um aplicativo para suas próprias línguas.
‘Algumas comunidades entraram em contato comigo e conseguimos iniciar o desenvolvimento de outros dois aplicativos’, comemora a pesquisadora.
Atualmente, o aplicativo oferece uma variedade de 6 exercícios: memorização, seleção de palavras, completar frases, seleção de frases, redação de frases e associação de pares (visualize na imagem acima).
Origem e inspiração
A mentora do projeto, Suellen Tobler, menciona que tudo começou com o livro ‘Nheengatu Tapajowara’, que ganhou da professora Dailza Araújo, da escola indígena Suraraitá Tupinambá, na Aldeia São Francisco, em Santarém, no Pará.
‘Ao examinar o livro, percebi semelhanças entre o Nheengatu e o alemão, despertando a minha curiosidade e me motivando a buscar cursos de idiomas por meio de aplicativos, porém não encontrei nenhuma opção voltada para as línguas indígenas brasileiras. Curiosamente, identifiquei muitos aplicativos da Bíblia Judaico Cristã traduzidos para diversas línguas indígenas.
Isso despertou em mim a consciência sobre essa questão’, relata Suellen.
O Nheengatu App foi lançado em outubro de 2021, com apoio da Lei Aldir Blanc e da Secretaria de Cultura do Pará.
De acordo com Suellen, até setembro do ano passado, aproximadamente de 2,2 mil usuários únicos já haviam utilizado a ferramenta, sendo que em comunidades, o aplicativo é frequentemente utilizado de forma coletiva.
‘Nas salas de aula de algumas escolas indígenas, o app é exibido através de dispositivos de projeção.
Não são todos que possuem dispositivos móveis, então a prática de compartilhar o aparelho é comum’, relata a pesquisadora.
Importância da revitalização linguística
Suellen relata que percorreu diversas aldeias e comunidades ribeirinhas para conduzir oficinas de produção de conteúdo digital por meio de aplicativos gratuitos para smartphones.
Assim, percebeu a grande demanda por recursos que pudessem documentar e impulsionar a travessia cultural em tais regiões.
‘Os anciãos das comunidades são os guardiões do conhecimento da língua, havendo poucos jovens fluentes atualmente’, destaca a pesquisadora.
Suellen ressalta que os jovens, incluindo aqueles das comunidades indígenas, familiarizam-se com a linguagem da tecnologia.
Dessa forma, a informação digitalizada chega de forma mais rápida às novas gerações, sendo um aspecto fundamental para o processo de revitalização linguística.
Na tela inicial do Nheengatu App, é exibida a seguinte frase: ‘Diante das pressões linguísticas civilizatórias, a língua foi silenciada ao longo dos anos, mas continua viva.
Quanto maior a comunidade de falantes, mais pulsante será a língua!’
- 👉 A ferramenta de aprendizado está disponível para download em dispositivos móveis, e também acessível através do site.
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Fonte: © G1 – Globo Mundo
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