Avaliação de ativos, empresas e projetos por meio do custo médio ponderado de capital, considerando fluxos de caixa descontados, estrutura de capital e taxa de desconto, além do benefício fiscal.
No contexto de análises financeiras, o WACC (custo médio ponderado de capital) desempenha um papel fundamental, servindo como uma métrica essencial para avaliar a rentabilidade de diferentes investimentos. Sua aplicação abrange uma ampla gama de análises, desde a avaliação de empresas e projetos até a análise de produtos específicos.
É notável que, apesar de sua importância, o WACC frequentemente é empregado de maneira inconsistente, sobretudo no que tange ao aspecto teórico-conceitual. Essa abordagem problemática pode levar a erros significativos na determinação do custo de capital, que é um componente crítico na análise de investimentos. A taxa de desconto adequada, por exemplo, é crucial para calcular o valor presente de fluxos de caixa futuros, e o custo médio ponderado deve ser considerado para refletir a estrutura de capital de uma empresa de forma precisa. Alternativas simples e corretas existem, mas são frequentemente ignoradas em favor de abordagens mais simplistas ou inadequadas.
O WACC: Erros Comuns na Avaliação de Empresas
Ao longo de quatro textos anteriores, construímos o racional teórico para entendermos como funciona a avaliação de empresas utilizando a metodologia de fluxos de caixa descontados via WACC.
Agora, no quinto texto desta série, vamos discutir cinco erros comuns que vejo no mercado em relatórios de avaliação que utilizam essa metodologia.
Erro 1: Utilizar o WACC com Fluxos de Caixa Incorretos
O WACC, quando utilizado como taxa de desconto, tem como premissa utilizar os fluxos de caixa gerados pelos ativos após todas as despesas (inclusive impostos) considerando que os ativos sejam 100% financiados por acionistas, ou seja, supondo uma empresa sem nenhuma dívida. O ajuste da estrutura de capital se dá precisamente pelo ajuste na taxa de desconto (WACC). Nesse sentido, o benefício fiscal não pode ser contabilizado no fluxo de caixa porque já é considerado na taxa de desconto.
Já vi relatórios de valuation trabalhando com os fluxos de caixa efetivos da companhia, ou seja, considerando o efeito fiscal da dívida e descontando pelo WACC. Isso é um erro crasso, pois o benefício fiscal é considerado duas vezes, no fluxo e na taxa.
Erro 2: Ignorar a Premissa da Estrutura de Capital Constante
O WACC tradicional tem a premissa fundamental de que a estrutura de capital da empresa se manterá constante. A maioria dos relatórios não comenta essa premissa e não argumenta em prol dela. Já vi relatórios de valuation de startups usando o WACC com a estrutura atual sem considerar que a estrutura de capital mudaria radicalmente com o passar dos anos.
Nesse caso, o correto seria utilizar WACCs que variam ao longo dos anos com a variação da estrutura de capital da empresa, até se atingir a estrutura considerada ótima e ‘de voo de cruzeiro’.
Erro 3: Não Ajustar a Fórmula do WACC para Casos Específicos
Há casos comuns no mercado em que a fórmula tradicional do WACC não funciona e precisa ser ajustada. No terceiro texto dessa série, apresentei as fórmulas ajustadas para dois casos corriqueiros no Brasil: companhias com ações preferenciais e companhias que remuneram seus acionistas com juros sobre capital próprio.
Agora, apresento um terceiro exemplo no qual a fórmula tradicional não funciona: quando aplicamos a perpetuidade com taxa de crescimento, a fórmula tradicional para o cálculo do WACC precisa ser ajustada para considerar o crescimento da empresa.
Esses são apenas alguns dos erros comuns que vejo no mercado em relatórios de avaliação que utilizam a metodologia de fluxos de caixa descontados via WACC. É importante entender como funciona o WACC e como aplicá-lo corretamente para evitar erros e garantir uma avaliação precisa e confiável.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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