Aumento de 32% no número de feridos pela PM em SP reflete a escalada da violência, com crescentes homicídios, letalidade policial e operações como o Escudo.
No estado de São Paulo, onde a letalidade policial deixa um rastro de mortos e famílias destruídas, existem aqueles que são atingidos pelas balas, mas conseguem sobreviver. Esses casos são frequentemente ignorados em meio ao debate sobre a violência policial. Nesse contexto, Policiais Militares desempenham um papel fundamental.
Os Policiais Militares, também conhecidos como PMs, são as forças de segurança mais presentes nas ruas. Eles são frequentemente os primeiros a responder a situações de emergência e são responsáveis por manter a ordem pública. No entanto, a ação desses agentes nem sempre é pacífica, e muitas vezes resulta em confrontos violentos. Policiais militares e polícias estaduais são as principais forças de segurança envolvidas nesses conflitos. Essa realidade é um desafio para a sociedade, que busca um equilíbrio entre a segurança e a proteção dos direitos humanos. Ações mais eficazes e treinamento adequado são essenciais para os policiais militares.
Violência Policial em Alta: 231 Pessoas Feridas por Policiais Militares em 2023
Os números são alarmantes: entre janeiro a setembro de 2023, 231 pessoas foram feridas em supostos confrontos com policiais militares em serviço, um aumento de 32% em relação ao mesmo período de 2023, quando 175 pessoas foram feridas. Essa escalada de violência derruba a tendência de queda observada nos últimos anos, que começou antes da pandemia de Covid-19.
O levantamento da Folha de S.Paulo, baseado em dados publicados no site da Secretaria da Segurança Pública (SSP) obtidos junto à Corregedoria da Polícia Militar, revela um aumento de 82% no número de homicídios cometidos por PMs em serviço.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou, em nota, que as forças de segurança continuam atuando com rigor e respeito aos direitos humanos. ‘As polícias do estado não compactuam com desvios de conduta de seus agentes, punindo exemplarmente aqueles que infringem a lei e desobedecem aos estritos protocolos estabelecidos pelas instituições’, diz a nota.
De acordo com a SSP, desde janeiro de 2023, mais de 280 policiais foram demitidos e expulsos, enquanto 414 agentes foram presos.
Um dos casos de feridos durante ações da PM ocorreu em abril de 2023. Um menino de sete anos, morador da favela Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, foi atingido por um objeto (não identificado pela perícia) durante uma suposta troca de tiros entre policiais e criminosos, deixando-o cego.
Outro caso é o do motoboy Evandro Alves da Silva, 44, atingido por tiros de espingarda calibre 12 disparados por policiais militares durante a Operação Escudo, em Santos, no litoral paulista, em agosto de 2023. Silva passou a ter ataques de pânico.
Especialistas afirmam que as falas do governador e do comandante-geral da PM, coronel Cassio Araújo de Freitas, podem inflamar a tropa. Em julho de 2023, Cassio gravou um vídeo pedindo que os PMs não hesitassem em ocorrências e usassem a legítima defesa a seu favor.
‘Sem dúvida, as mensagens que os líderes transmitem são ouvidas pelos policiais, que passam a agir de acordo com essas indicações. Essa postura funciona como mecanismo de reforço para esses policiais, que passam a se sentir autorizados a ações que não estão nos manuais de procedimento da PM‘, disse o pesquisador sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Leonardo Carvalho.
‘Não há troca de tiros nem bala perdida quando apenas um lado atira, precisamos que nossas autoridades assumam suas responsabilidades institucionais e cessem de uma vez por todas essas anomalias produzidas na segurança pública nos últimos tempos’, disse o ouvidor da polícia, Claudio Aparecido Silva, o Claudinho.
Já o número de policiais militares feridos durante o serviço arrefeceu nos últimos anos, de acordo com dados da SSP.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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