Um terço dos casados no Senegal tem relações polígamas. Relatório da ONU aponta que isso discrimina mulheres. Poligamia é prática tradicional, Islã permite.
A prática da poligamia é legal no Senegal, onde o novo presidente Bassirou Diomaye Faye assume o cargo. Durante a cerimônia de posse, Marie Khone marcou presença ao lado do marido, com quem compartilha uma relação de casamento plural. A presença da família do presidente reflete a aceitação da poligamia na sociedade senegalesa.
Além de Marie Khone, Bassirou Diomaye Faye também é casado com Aissatou Kane, seu segundo esposa, em uma forma de casamento múltiplo que faz parte da cultura senegalesa. A prática da poligamia é comum em diversas regiões da África, onde a estrutura familiar se diferencia dos padrões ocidentais. A pluralidade de laços conjugais é uma realidade para muitos casais africanos.
Poligamia: Casamento Plural
Além deles, também estava presente a outra esposa de Diomaye Faye, Absa, com quem o novo presidente se casou há cerca de um ano. Como o novo presidente é bígamo, o Senegal agora tem duas primeiras-damas.
Ao tomar posse acompanhado das duas esposas, Faye fez um aceno aos muçulmanos do país, que são maioria no Senegal.
A poligamia é uma prática tradicional entre os muçulmanos senegalenses, especialmente nas zonas rurais. O Islã permite que os homens tenham até quatro esposas, desde que tenham recursos para sustentá-las e passem tempo igual com cada uma.
Quando Faye apareceu com suas duas esposas, foi aplaudido por uma multidão.
Faye já afirmou que tem orgulho de sua situação conjugal. Durante a campanha, ele afirmou que tem filhos lindos porque tem esposas formidáveis. ‘Elas são muito lindas. Agradeço a Deus porque estão sempre ao meu lado’, afirmou.
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Poligamia: Um tema em debate
O assunto da poligamia do presidente passou a ser tema de debates na mídia do país e nas redes sociais.
‘Esta é uma consagração da tradição da poligamia ao mais alto nível do Estado, uma situação que reflete a tradição senegalesa’, disse o sociólogo Djiby Diakhate.
O sociólogo Fatou Sow Sarr afirmou na rede social X que ‘a poligamia, a monogamia ou a poliandria são modelos patrimoniais determinados pela história de cada povo’ e disse que o Ocidente ‘não tem legitimidade para julgar’ as culturas do país.
No Senegal, a homossexualidade é punida com penas de um a cinco anos de prisão.
Muitas mulheres no Senegal são contrárias à poligamia. Um relatório do Comitê dos Direitos Humanos da ONU indicou que essa prática contribui para a discriminação contra as mulheres.
Poligamia: Mudança de Protocolo
A autora senegalesa Mariama Ba criticou duramente a poligamia no seu romance de 1979 ‘Uma Carta Tão Longa’, no qual descreve o sofrimento e a solidão das mulheres quando os seus maridos decidem ter uma segunda esposa, geralmente mais jovem.
O ex-ministro da Cultura e acadêmico Penda Mbow afirmou que a situação conjugal do novo chefe de governo é algo inédito: ‘Isso significa que todo o protocolo deve ser revisto’, disse ele.
Poligamia: Estatísticas Atuais
No Senegal, muitos casamentos não são registrados, o que torna difícil estimar a prevalência da poligamia, mas um relatório de 2013 do escritório nacional de estatísticas informou que 32,5% das pessoas casadas fazem parte de uma união poligâmica.
Para Diakhaté, o presidente eleito ‘enviou uma mensagem potente para que outros homens assumam que são polígamos’.
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Fonte: © G1 – Globo Mundo
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