Banco suíço vê ciclo de corte de juros nos EUA: esperados cortes em setembro e dezembro, com mercado de trabalho acima do previsto, mas política do Fed não deve melhorar antes de junho.
O aumento inesperado da inflação nos Estados Unidos em março pegou economistas e investidores de surpresa, levando-os a reavaliar as projeções para o índice de preços ao consumidor (CPI) no período e, principalmente, a discutir o momento em que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidirá sobre o corte de juros.
Diante do cenário econômico atual, com a pressão inflacionária, a expectativa agora gira em torno de uma possível redução das taxas de juros pelo Federal Reserve nas próximas reuniões. Os mercados financeiros permanecem atentos a qualquer sinal sobre a direção que o Fed tomará em relação à política monetária, buscando se antecipar às possíveis ações de corte de juros.
Projeções do UBS Indicam Corte de Juros Adiado
Em linha com o consenso do mercado, o UBS projetava que o primeiro corte de juros ocorreria em junho e seria de 0,25 ponto percentual. Agora, os economistas do banco suíço projetam que a redução das taxas, que estão entre 5,25% e 5,50%, começará em setembro. Esperamos agora apenas um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros neste ano, uma redução de 0,25 ponto percentual no encontro do Fomc em setembro e uma segunda no encontro do Fomc de dezembro.
Desafios na Definição da Política Monetária no Fed
Segundo eles, considerando os dados do CPI de março e o fato de ter mais um dado de inflação para ser divulgado antes da reunião de junho, as chances de um afrouxamento monetário antes de setembro ‘caíram significativamente’. Em março, a inflação atingiu 3,5% em 12 meses.
Os economistas do UBS destacam que os dados sobre a criação de 303 mil vagas de trabalho nos Estados Unidos em março, número divulgado na semana passada, também pesam para postergar o início do corte de juros americanos. O mercado de trabalho se mostrou acima do esperado pelos analistas, o que contribui para a incerteza em relação ao ciclo de corte de juros.
Expectativas de Redução das Taxas de Juros nos EUA
Os dados do CPI de março derrubaram a ideia corrente no mercado sobre a inflação resiliente ser apenas em janeiro e fevereiro. Agora, o questionamento é quantos cortes ocorrerão. Dados da Bloomberg apontam que a aposta agora no mercado é de três cortes de 0,25 ponto percentual no ano, abaixo dos seis estimados no começo de 2024.
Postura do Fed Frente ao Ciclo de Corte de Juros
Por mais que a expectativa seja de cortes de juros nos Estados Unidos, representantes do Fed já tinham adotado um discurso mais cauteloso. Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que a economia forte permite ao banco central não ter pressa para iniciar um ciclo de corte de juros. Outro membro do Fed, Neel Kashkari, sinalizou a possibilidade de não haver cortes de juros em 2024, se a inflação não ceder.
Posicionamento do Banco Central Brasileiro frente à Política Monetária Americana
No Brasil, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, demonstrou cautela com relação aos rumos da política monetária americana. Em evento promovido pelo Bradesco BBI, ele afirmou que o processo de desinflação ‘deu uma estacionada’, com o CPI rodando na casa dos 3,2%, e que falta entender de onde virá a força final para a queda dos preços completar o ciclo de corte de juros.
Fonte: @ NEO FEED
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