Investigação da ONG destaca incoerências na distribuição da empresa suíça em países de médio e baixo rendimento.
Uma recente análise conduzida pela ONG Observatório Público juntamente com a Liga Global em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN) revela que a empresa Nestlé está adotando um questionável e desigual padrão de distribuição de suplementos alimentares para bebês nos mercados em que atua. Durante a investigação realizada pela ONG, especialistas identificaram altas quantidades de açúcar adicionado nas formulações dos produtos Cerelac e Nido, conhecidos no Brasil como Mucilon e Ninho. Surpreendentemente, essas quantidades só são encontradas nas versões dos produtos destinadas a países de renda média e baixa, categorizados geograficamente como ‘Países do Sul’ ou ‘Em Desenvolvimento’ – classificações geopolíticas que englobam o Brasil. Enquanto na Suíça, país sede da Nestlé, Cerelac e Nido são vendidos sem açúcar adicionado na fórmula, as versões comercializadas em locais como Senegal e África do Sul contêm pelo menos seis gramas de açúcar adicionado por porção. No mercado brasileiro, seis dos oito produtos da linha Mucilon apresentam no mínimo 3,0 g de açúcar adicionado na composição.
É fundamental que os consumidores estejam cientes dessas disparidades na presença de açúcar extra nos produtos alimentícios oferecidos pela Nestlé em diferentes regiões do mundo. Em meio a essa questão, é relevante considerar alternativas mais saudáveis para adoçar alimentos, como o uso de adoçantes naturais e menos prejudiciais à saúde. A transparência e a equalização dos padrões de qualidade dos produtos, incluindo a quantidade de sacarose adicionada, são cruciais para garantir a segurança e a saúde das crianças que consomem esses produtos em escala global.
Açúcar adicionado: O vilão oculto nos produtos infantis
O mistério em torno da adição de açúcar nos alimentos infantis da Nestlé levanta questionamentos sobre a transparência das práticas de comunicação da marca. Enquanto as embalagens dos produtos da linha Ninho no Brasil não revelam a presença desse ingrediente, um estudo liderado por pesquisadores chineses e estadunidenses alertou para os perigos do consumo de açúcar adicionado. A associação desse componente com uma miríade de problemas de saúde, como diabetes, obesidade e pressão alta, lança luz sobre a necessidade de maiores informações aos consumidores.
A estratégia de marketing da Nestlé, que promove os cereais infantis Cerelac como essenciais para a saúde e o desenvolvimento das crianças, parece ser incoerente diante da presença de açúcar extra nas formulações. A marca alcançou vendas bilionárias em 2022, conforme dados da Euromonitor, destacando a importância dessa linha de produtos em todo o mundo. No entanto, a falta de transparência quanto à presença de sacarose nos produtos abre espaço para questionamentos sobre a verdadeira natureza dessas fórmulas.
Embora a Nestlé reconheça os riscos associados ao consumo de açúcar adicionado e aconselhe os pais a evitarem expor seus filhos a esse ingrediente, a presença do adoçante nas formulações dos cereais infantis é um ponto de preocupação. A empresa destaca a redução de 11% na quantidade total de açúcares adicionados em seu portfólio global de cereais ao longo da última década, mas a falta de clareza nas embalagens e a ênfase excessiva em vitaminas e minerais podem ser consideradas uma tentativa de desviar a atenção dos consumidores dos potenciais riscos à saúde.
A investigação realizada pela ONG revela a importância de uma abordagem mais transparente e responsável por parte da indústria alimentícia, especialmente no segmento de alimentos infantis. A divulgação dos índices de açúcar adicionado nos produtos, juntamente com informações claras e acessíveis aos consumidores, é essencial para garantir a segurança e a saúde das crianças em todo o mundo.
Enquanto a Nestlé enfatiza seu compromisso com a qualidade e segurança de seus produtos infantis, a necessidade de uma abordagem mais clara e honesta em relação ao açúcar adicionado continua sendo uma questão crucial. Em um contexto onde as preocupações com a saúde e nutrição das crianças estão em destaque, a transparência nas práticas da indústria alimentícia é fundamental para garantir escolhas informadas e saudáveis por parte dos consumidores.
Fonte: @ Mundo do Marketing
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